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A volta explosiva de Stallone à mídia




"Você pode explodir o país inteiro e eles ainda dizem para você, 'obrigado e tome aqui um macaco para você levar para casa'". Esta frase polêmica foi dita pelo ator norte-americano Sylvester Stallone na Comic Com 2010, a maior feira de histórias e quadrinhos do mundo, que ocorre anualmente em San Diego, nos EUA. Stallone, que ainda tenta obter a notoriedade do passado, quando protagonizou personagens inesquecíveis como: Rambo e Rocky Balboa, se referiu ao povo brasileiro de maneira extremamente grosseira e equivocada. O roteirista do filme “Os Mercenários”, que segundo a produtora brasileira “O2” lhe deve, juntamente com uma produtora americana, cerca de R$ 3,8 milhões, evidenciou a visão que os estrangeiros têm em relação ao Brasil. Para os nascidos em outros países, a nação, casa da floresta amazônica, é uma fonte boa para a exploração, seja sexual, financeira, musical, entre outras.

Com a influência dos portugueses, italianos, negros e índios, a cultura brasileira é a mistura da visão, costume, culinária, música e entre outras coisas, desses povos. A fusão das demais culturas contribuiu para o que muitos chamam de “jeitinho brasileiro”, mas apenas colaborou. A nossa cultura vem sofrendo mutação a todo momento e seguirá eternamente assim. Cada povo tem a sua cultura baseada nas diversas experiências a que foi submetido. Levando esse conceito como verdade, podemos ter a nossa forma de agir, pensar e criar.   

Enquanto nós valorizamos e adotamos posturas e idéias de europeus e americanos..., “ops”, para tudo!!, a falta de criticidade dos brasileiros começa daí. Se nascemos em continente americano, também somos americanos. O fato de nos referirmos aos estadounidense como americanos, damos uma autoridade a eles em relação às Américas. Com a referência, parecem donos de todo o território.
A falta de análise crítica dos brasileiros está cada vez mais preocupante. Definitivamente não dá para acreditar que após as palavras preconceituosas ditas por Sylvester, os cariocas de Mangaratiba, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, desejem receber uma estátua do ator. Pois é! Na cidade brasileira que mais teve cenas explosivas para a construção do filme, a prefeitura está sugerindo a estátua como um marco de eternizar a visita de Stallone ao município. Os cidadãos estão coniventes a idéia e enxergam o ato de maneira honrosa. Como ter orgulho de uma pessoa que não te respeita? Em casos como esse, as pessoas se desvalorizam ao valorizar demais os outros.

Internautas brasileiros mostraram que possuem senso crítico e postaram em seus twitters críticas às atitudes de Stallone. Essa revolta virtual brasileira teve o resultado esperado. Os americanos de língua originadas do Tupi, ainda criaram uma campanha semelhante à realizada contra o narrador Galvão Bueno durante a copa 2010, onde falavam para Galvão calar a boca, e agora: ‘cala a boca Sylvester Stallone!’.

O protagonista de Rambo ainda tentou se redimir das palavras infames, com um breve discurso. "Peço desculpas sinceras ao povo do Brasil e ao escritório de "film comission". Toda minha experiência no Brasil foi fantástica e eu disse a todos os meus amigos que valia a pena filmar no País. Ontem, eu estava tentado a fazer graça, mas meus comentários escaparam de uma maneira infeliz. Eu não tenho nada além de respeito pelo grande país que é o Brasil. Novamente, eu peço desculpas”, disse Sylvester após a manifestação digital dos brasileiros.

Desse modo, percebe-se que a exploração que ocorre no Brasil atualmente é diferente quando comparada ao passado. Em vez de escravizarem o povo usando a força física, os estrangeiros ainda conseguem “impor” o certo e o errado, o bom e o ruim de acordo com as suas necessidades e interesses. O que mudou realmente foi a forma exploratória. Para os exploradores modernos, o Brasil é um dos principais compradores dos seus diversos produtos, nos mais variados gêneros de produção, e  como podemos notar, na visão dos estrangeiros, o nosso país continua permitindo a exploração, uma das mais fortes ações para ser considerado inferior em relação à eles.

Os comentários do ator norte-americano, ainda reforça a questão de subdesenvolvimento do Brasil, apontando a violência como fator alimentado pela população. Como ocorrido anteriormente, Stallone caiu em contradição, desta vez, ao ter sua casa invadida por um rapaz de 22 anos, que foi detido. O invasor só poderá  ser liberado caso pague uma quantia no valor 2,500 dólares de fiança. Sylvester, que teve sorte por não estar na residência no momento da invasão, foi a segunda celebridade estrangeira vítima  de invasão a domicílio, nesta semana. A modelo Paris Hilton, também teve uma visita indesejada de um homem, este com cerca de 40 anos. Paris afirmou, que o homem estava com duas facas nas mãos e batia nas suas janelas, tentando entrar em sua casa. Por sorte, foi rendido por seguranças, que acionaram a polícia.

A cada dia que passa, fica mais evidente o equivoco das pessoas vistas como parâmetros sociais, ao menosprezarem o processo cultural das demais nações e grupos. Sylvester Stallone foi apenas um exemplo para demonstrar o olhar desrespeitoso de tribos em relação a outras tribos. No caso do norte-americano, o povo brasileiro aparece protagonizando o lado do fraco, do oprimido, onde, no passado, os índios se encontraram, quando depararam com os portugueses. Os internautas incorporaram o papel dos revoltosos, que lutavam pela igualdade e respeito; os cariocas que vibraram com a hipótese de uma estátua do ator, é o povo que sempre abaixou e ainda abaixa a cabeça diante de imposições de verdade do cotidiano, devido a falta do senso crítico; e o pedido de desculpa de Stallone, foi a prova de que uma reflexão dos nossos valores e uma mudança de postura para lidar com pessoas que possuem outros conceitos de certo e errado, e, de bom e ruim, impõem respeito. Uma maior autonomia é o segredo para sermos cada vez mais respeitados, em relação aos diversos cenários do globo.


Por Leonardo Martins

Leonardo Martins

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